Situation #1

-Merda Merda!! Shit Shit!!
O sangue nao para, the blood doesn`t stop!
Oh foda-se que vou morrer, fuck I am going to die!!!

Os seus olhos, his eyes, reviraram-se para cima, turned upwards, como os olhos de uma velha xama a entrar em trance, like those of an old xaman who is entering a trance.

Eu apertei o tourniquete, I tightened the torniquete.
O tecido branco virou vermelho.
The whiteness of his teeth was stained red.
Ele mordeu o labio inferior numa tentativa patetico de nao sentir a dor vinda do peito aberto.
The open wound on his chest pulsating like a second mouth gasping for air.
Fuck-I realised my mind was wandering- not even when my best friend is dying can I keep my mind in the present moment? The image of Cindy in front of me, on her kness, had jumped in my mind and I had followed it.

-Come On Man! Foda-se, Meu! Estas a ouvir-me!??!
I screamed these words, gritei-lhe estas palavras, to keep him conscious and to try and keep myself in the present moment, no momento presente, no Presente.

Pensei: se ja e dificil eu, if it is dificult for I, manter a minha lucidez, maintain my lucidity, Neste Momento, quao mais dificil sera para ele?!! For him.

I, Eu, looked around.
Vazio, nobody, nadie.
A sua mao, his hand- the hand of my best, o meu melhor, friend- grasped, feebly grasped, my blood-stained Pierre Cardin shirt.
Estava tranquilo, I was calm, simplesmente, simply, nao havia nada que eu podia fazer.

I, Eu, senti algo
felt something.

Comecou a chover
Rain

Tu - Petro, Eu - Petro

Avo: Tu Petro
Todos os meus amigos continuaram a ladrar.
Eu, sem pensar, fechei a boca, olhei para o velho agachado a minha frente.
Avo: Tu Petro. Tu es Petro.
Os seus olhos fixados nos meus, eu olhando para alem do horizonte. Pela primeira vez na minha vida eu me sentia confuso, supreendido, curioso e muitissimas outras sensacoes, nenhuma das quais eu tinha uma palavra para classificar.
Pela primeira vez na minha vida eu estava desperto.

O velho foi falar com a senhora simpatica que ajudou a minha mae durante o parto e que agora me dava de comer todos os dias sem falta. Com um dedo encardido de arrancar batatas ele apontou para mim e dirigio umas palavras a senhora, depois trocaram uns papeis e apos uns minutos estava eu e o velho a caminhar pela estrada. O velho falava e falava, eu, pela primeira vez, ouvia.

Essa e a primeira memoria que, como um filme, eu vejo a ser projectada no ecra da minha mente. Agora sim sei que e verdade, quando um esta a morrer a sua vida e lhe exposta como uma curta-metragem. Morto, ou morrendo, eu caminho com o meu melhor amigo (ele nunca se via como sendo meu dono) o velho, o avo.

Outras memorias passam no ecra.
Vejo as caras de todos os homems e mulheres que eu vi durante a minha vida.
As caras das criancas que jogavam comigo no parque junto ao, e por vezes dentro do, lago.
As caras dos velhos alcoolicos que me agrdiam com os seus pontapes mal direcionados e as suas garrafas vazias.
A cara da unica mulher por quem eu me apaixonei.
E a cara do David, primo do neto do meu velho, embutida no asfalto, sangre nascendo pelo seu cabelo jovem e invadindo a estrada vazia.

O David teve a coragem de saltar desde o quarto piso mas nao de olhar para o chao. A medida que caia ele olhava para o ceu assim que foram os seus pes, pes jovens de ossos ainda frageis, que alcancaram primeiro o cimento quente desse dia de verao.
Pela sua cara ainda se podia reconhecer o David e ate parecia que ele sorria... pode ser que o sorria por finalmente estar livre dos abusos sexuais do tio... dessas maos gordas, dos dedos curiosos.
Esse foi, provavelmente, o dia mais impressionante da minha vida. Caminhava com o meu velho e o seu neto e sentia-me inundado por uma fortissima sensacao de paz e tranquilidade. Lembro-me bem do cheio a taboco vindo da boca do neto, da humidade quase sufocante que antecede a chuva pesada, essa humidade que te abraca. E o por-do-sol mais espectacular que poderia imaginar. O horizonte inventava cores, misturas de amarelo, vermelho, violeta, verde, azul...
Foi um dia em que muitas horas de meditacao (o meu velho insitiu em que eu praticasse duas vezes por dia) deram fruto- tanta lucidez.

Mas o mais fascinante desse dia foi a personagem luminosa, e o seu cao, que eu vi. No momento em que toda a familia chorava junto ao David (obvio que nao sabiam das molestias do tio) saiu de um camiao esta criatura.
Cabelo comprido, muito comprido, que se juntava a barba espessa.
Pele escura, queimada por mil sois do desert do Sahara.
Magro, fragil, ele saiu do camiao e, com uma mala na sua mao direita, se aproximou de nos os tres. Uma mala que continha as mais variadas drogas que se podia imaginar.
Isto foi o que o neto me contou, eu e o meu velho so vimos uma forma radiante a aproximar-se e, sem ele abrir a boca, ouvimos palavras e frases sabias e sucintas falando e dando instruccoes acerca do o fim do mundo. Ao virar as costas, a luz radiante desapareceu e o meu velho segurava um charuto de marijuana entre os dedos.

Despertamos, eu e o velho, do nosso trance, com o som da ambulancia a travar bruscamente e a colidir contra algo.

The Birth of a Myth IV

- you are still drunk; go back, return when sober.

Only seconds after hearing the voice he could not tell what it had sounded like.
-'Had he moved his lips?' He thought to himself.
Just as one who has recently awoken and who feels the dream slipping away, the yogi strained his ears in search of an echo which would prove to him that his guru had spoken. He strained in vain.

The hard-working yogi looked at his guru, who was sitting on the verge of that green abyss, overlooking the tempest which was forming at the far end of the canyon, and felt himself noticing details he had not noticed before.

He saw the individual pieces of bark clinging to his guru`s lacking-in-attention, yet healty, hair.
He noticed that drop of dew balancing to the end of one of those seemingly-timeless strands of hair. It must have grown there overnight-he thought to himself- and has been patiently waiting for him to move so it can fall to the ground, be absorbed by the earth, and begin its path to that great river which flowed deep inside the mountain.

Just like the drop which is looking towards the ground, yearning to fall just to start its decade-long path to the river, he too would patiently follow his path. He would allow Life to be his gravity, he would not fight against his direction, and would, with infinite patience, continue his walk.

A final thought on how many misguided people there were crossed his mind. Dew drops have no choice but to be guided by Nature whereas most humans have no yet managed to feel Nature. He felt priviledged to have found it and he felt how close he had just come to loosing it- because of impatience.
Overjoyed and eternally grateful: how his guru`s presence could bring such enlightened thoughts! He placed his knees on the dirt, then his hands, stretched his legs, chest, arms and forehead on the ground symbolizing his renunciation. His renunciation from his fight.

-I will no longer fight against Life or my guru who helps me discern between Life`s will and mine.